No fim-de-semana de 27 e 29 de Outubro, a caravana dos Troféus de Naked Bikes (TNB) regressou ao Estoril com a “casa cheia” para fechar a época e encontrar o vencedor à geral dos TNB, mas também dos TNB2 depois de já se terem encontrado os vencedores da S1000R Cup e da Tuono Cup, nas rondas anteriores. Um fim de semana muito animado, mas já lá vamos!
A meteorologia previa enorme degradação do tempo de sexta-feira para Domingo, esperando-se uma tarde de treinos privados com tempo seco, um sábado com condições mistas e um Domingo de tempestade. Felizmente os TNB nunca encontraram chuva nas idas à pista durante os 3 dias e, assim, com a clemência dos céus, neste encerramento de época, os TNB voltaram a ter um fantástico fim-de-semana de corridas, a ser a categoria nacional mais participada do CNV Moto, apesar da ausência da S1000R de Nuno Farias #21 e da Z900 de Marcos Leal #73, algo compensada pela estreia de Nicolas Therouin #4 com uma Street Triple 765, conseguindo reunir mais participantes que o mundial de sidecars e, mais uma vez, em conjunto com a TLC, com quem os TNB repartem a pista, voltaram a conseguir a maior grelha do fim-de-semana ao juntar 27 motos!
Com os participantes divididos entre a TNB1 (12 motos) e TNB2 (6 motos), nesta última ronda havia ainda várias decisões pendentes. Faltava encontrar o vencedor à geral dos TNB entre João Curva #54 e Frédèric Bottoglieri #11, pois Paulo Vicente #62 já só tinha possibilidades matemáticas de o conseguir, encontrar o vencedor das TNB2, pois Romain Bérton #83 tinha mais do que possibilidades matemáticas de o conseguir, com o 3º lugar desta classe ainda em disputa entre Leal e o rookie Daniel Coelho #40. Também na Tuono Cup o 3º lugar poderia ficar para António Reis #88 ou Anselmo Vilardebó #12, enquanto na TNB1 e na S1000R Cup tudo estava já decidido desde a ronda anterior. A estas decisões ainda em curso, somava-se a expectativa sobre a estreia de Nico #4 com uma Street Triple, pois o circuito do Estoril já não lhe era desconhecido e, sendo de Le Mans, estava habituado à chuva. Motivos de interesse não faltavam assim para o encerramento da época.
Treinos Cronometrados
Depois dos treinos privados de sexta-feira permitirem à caravana dos TNB, redescobrir o circuito, os Cronometrados encontraram a pista molhada mas com o tempo a prometer ir secando-a ao longo da sessão. Tal baralhou as opções de pneus e de settings produzindo um resultado diferente do habitual, mas sobretudo atirando ao chão a Tuono 1100 do infeliz Vilardebó, mandando-o para o hospital com uma clavícula partida. Esta época tem sido madrasta para este entusiasta piloto acarinhado por todo o paddock dos TNB, a quem o grupo envia votos de um pronto e tranquilo restabelecimento para enfrentar a próxima época “como deve de ser”.
A pole position de Bottoglieri com a Street Triple (primeiro dos TNB2 e único a rodar no segundo 09 do minuto 2) não foi propriamente uma surpresa, nem a presença de Curva (primeiro dos TNB1) na linha da frente, mas sim a TLC de Felgueiras que se meteu entre eles mostrando um bom ritmo nestas condições.
Na linha seguinte, a Tuono 1100 de Luis Franco #22 fecha os que rodaram no segundo 10, com a S1000R de Ricardo Almeida #31 (o único no segundo 11) a conseguir superar a surpreendente Z900 de Daniel Coelho #40 que fechou a linha e abriu os tempos no segundo 12. Muito bom!
Atrás destes, aparece a Street Triple 765 de Cyrille Schertenleib #74, seguido pela M1000R de Paulo Vicente #62 com a TLC de Carlos Pinheiro a fechar a linha e abrir os tempos no segundo 13. A Street Triple 765 de Bérton, divide a linha seguinte com a S1000R de Duarte Amaral #10 e a TLC de André Capitão.
Na sexta linha, encontramos a GSX1000 de Ricardo Pires #14 e a S1000R de Marco Perez #49 na frente do estreante Therouin, ficando as Tuono 1100 de Reis #88 e Sousa #5 a fecharem a penúltima linha da grelha superando a TLC de Branquinho da Fonseca. Fora do tempo limite para a qualificação, ficaram as TLC de Rodrigo Amaral, Fernando Mercier, Alexandre Laranjeira e a S1000R de Luis Metello que podiam, no entanto, apelar para regra do RNV que permite a qualificação os pilotos que já o demonstraram ser capazes nas rondas anteriores no mesmo circuito, partindo estes do final da grelha de partida.
O mote estava dado e vamos ao que interessa!
Corrida 1
Enquanto o relógio se aproximava da hora de partida, “os céus” depois de encharcarem a pista, iam secando-a e aumentando, na proporção inversa, as dúvidas dos pilotos sobre que opções tomar de pneus e settings para a corrida. Dúvidas que terminaram nos 15 minutos anteriores à abertura de pista, onde uma leve chuva voltou a molhá-la totalmente!
Já sem dúvidas e com os 26 pilotos alinhados na grelha de partida, os semáforos apagam-se e é a S1000R de Almeida que faz o holeshot na frente da surpreendente Z900 de Coelho e da Street Triple de Bottoglieri.
Ainda na primeira volta, a Street Triple de Bottoglieri sobe a segundo e vai atrás de Almeida, mas deita tudo a perder ao cair na parabólica e última curva do circuito do Estoril. Felizmente sem consequências de maior, permitindo ao piloto regressar à corrida na última posição, mas conseguindo o piloto terminar em 13º da geral e 4º das TNB2, adiando assim, a decisão do vencedor da época para a corrida de Domingo.
Almeida lidera do princípio ao fim conseguindo superar a pressão de Vicente que tinha vindo a ganhar-lhe progressivamente terreno. Uma vitória há muito ambicionada e agora concretizada por este simpático piloto que bem o mereceu depois dos azares tidos na época.
Atrás das BMW de Almeida e Vicente, Franco leva a sua Aprilia ao terceiro lugar, depois de um breve duelo com Vicente na luta para o segundo lugar. Mas quem faz história, é o rookie Coelho que leva a sua Kawasaki a quarto da geral, vencendo as TNB2 e dando um passo enorme na luta para o 3º lugar final desta classe, que disputa com a outra Kawasaki do ausente Leal. Mas não foi só este que se destacou, pois, a Aprilia de Reis consegue a melhor classificação de sempre, ao conseguir o 5º da geral e 2º da Tuono Cup. Muito bom!
Atrás destes, ficaram as BMW de Amaral e Curva que não quiseram arriscar nada nestas condições adversas. Um, porque já tinha compromissos inadiáveis para o dia seguinte, e o outro porque sabia que bastava pontuar para conseguir a vitória à geral dos TNB, depois de ter visto o seu adversário principal cair na primeira volta.
Atrás das TLCs de Pinheiro e Felgueiras, ficou a BMW de Perez que conseguiu superar as Triumph de Bérton, Schertenleib e Bottoglieri, com Bérton a passar o seu amigo da “french connection” na penúltima volta. Bérton, conseguiu assim reduzir a desvantagem para o líder da classe, para apenas 6 pontos, deixando as decisões para a corrida de Domingo. A Suzuki de Pires, termina um lugar acima da sua qualificação, depois de ter feito um bom arranque e subido 6 posições na primeira volta. Separado deste pela TLC de Silva, posicionou-se o estreante Therouin que superou a restantes TLCs. Uma estreia que o desconhecimento da moto e as condições meteorológicas, não favoreceram. Sousa e a sua Tuono preferem desistir a enfrentar os riscos que a pista escorregadia, apresentava.
Corrida 2
A chuvada que caiu na madrugada e manhã de Domingo, prometia alterações no horário se não cancelamentos, mas, “os astros” foram clementes com o CNV Moto. No horário previsto para a corrida 2, a pista ainda se encontrava bastante molhada, mas prometia secar até ao final da corrida. Nestas condições, havia essencialmente 2 apostas a fazer: optar por slicks para fazer a diferença no final, correndo muitos riscos nas primeiras voltas, ou manter os wets e conseguir o inverso, ie, não correr riscos no início e conseguir terminar, sabendo que no final os pneus estariam destruídos. Como era a última corrida da época e já pouco havia para decidir, todo o paddock dos TNBs optou pela segunda opção.
Entretanto, a somar à ausência da Aprilia de Vilardebó e da BMW de Farias, juntaram-se a Aprilia de Sousa e a BMW de Amaral. Por razões semelhantes às de sábado, a BMW de Metello preferiu também abandonar prematuramente, reduzindo de 18 para 13 as presenças dos TNB na grelha de partida, para a corrida de fecho de época.
Assim, com menos estes pilotos, com esta opção unanime de pneus e a estrear a versão 2 do livestreaming que a FMP brindou o CNV Moto novamente, (ver o canal YouTube da FMP) e com o mesmo ajudante do speaker, o incontornável Crossas dos TNB, apagados os semáforos, a Triumph de Bottoglieri faz o holeshot, levando consigo a BMW de Curva e a Aprilia de Franco. Estes foram animando a corrida lá na frente, com trocas de posições constantes, tendo os 3 chegado a liderar a corrida, mas acabando no final por ser Curva a vencer, fechando com um vitória uma época onde ganhou tudo o que havia pra ganhar nos TNB: a S1000R Cup, os TNB1 e a geral TNB! Fantástico!
Bottoglieri fica na posição seguinte, mas ao vencer os TNB2, assegura a vitória na classe que só esteve em risco devido aos vários DNFs que foi sofrendo ao longo da época. De realçar o maior número de vitórias conseguidas à geral, o que enfatiza bem a qualidade do piloto, mas também da moto e preparação.
Franco, repete a presença no pódio da véspera, conseguindo assim subir ao pódio por 12 vezes ao longo da época, defendendo bem as cores da Aprilia.
Atrás deste trio, esteve outro animado trio, mas estes só de TNB2, formado pelas Kawasaki de Coelho e as Triumph de Bérton e Schertenleib. Depois de muitas escaramuças, das quais ainda participou a BMW de Vicente, mas que depois foi ficando para trás acabando atrás deste trio de furiosos, foi Coelho quem deu o tudo por tudo, conseguindo vencer a refrega e repetir a quarta posição à geral da véspera! Desta forma, conseguiu roubar o 3º posto da classe a Leal. Muito bom!!
Do “braço de ferro” entre Bérton e Schertenleib, foi Bérton quem voltou a ser o mais forte para frustração de Schertenleib. Ambos prometem voltar ao palco na próxima época para tirar a limpo esta questão.
Atrás de Vicente, ficaram as 6 mais rápidas TLCs, separadas pela BMW de Almeida, em 12º, que nesta corrida não conseguiu encontrar as mesmas sensações que lhe deram a vitória na corrida anterior. A Suzuki de Pires e a BMW de Perez, chegaram depois deste grupo, satisfeitos por terminarem depois de um e outro terem se divertido com as batalhas com as TLCs de Machado, Villar, Silva e Capitão. O estreante Therouin consegue desta vez tirar mais proveito da sua Triumph, baixando 12s ao seu melhor tempo por volta, tendo ficado satisfeito desta sua estreia nos TNB e prometendo voltar na próxima época. Reis, decide parar a sua Aprilia à 4ª volta depois de ter rodado em tempos que prometiam igual feito ao conseguido no sábado.
Foi um fim de época bem animado, com a intensidade própria das condições típicas desta época do ano, onde se somaram mais umas quantas histórias, com novos protagonistas, que só as corridas podem proporcionar.
Nesta derradeira corrida da época, o Professor Rui Ribeiro, Presidente da ANSR, honrou os TNB, ao entregar os prémios nos pódios das classes e dos troféus, tendo também entregue a taça do vencedor à geral no decorrer da habitual cerimónia que a FMP organiza no final de cada época. Nesta cerimónia, a FMP, com o apoio da Dunlop, premiou os 3 primeiros da TNB1, da TNB2, da S1000R Cup e da Tuono Cup.
Concluída a época, começa a nova época que irá trazer novidades no formato, para além de alterações nas opções dos pilotos que pretendem renovar a presença, bem como novas adesões, que prometem tornar 2024 ainda mais interessante que os últimos 8 anos destas iniciativas centradas nas Naked Bikes! Depois desta última ronda, ficámos com as seguintes classificações:
Fotos de Vic Schwantz Barros e FMP
TNB 7
Podiums / Celebrações
S1000R Cup
Tuono Cup
Este artigo foi publicado em https://tuonocup.pt/2023-tnb7 e https://s1000rcup.pt/2023-tnb7